terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Verdades tem que ser ditas

Hj lembrei-me da minha infância, quando eu tinha meus 10 anos e vivia aprontando todas, junto com meus primos. Lembro-me que sempre que meu avô corria atrás da gente com o cinturão na mão, minhas tias interferiam: "Léo é bonzinho, naum merece apanhar". Mas nem sempre me poupavam da cinta quente queimando minha pele. Quando isso acontecia, recebia os mimos das titias comovidas com o sofrimento do sobrinho, gentil, meigo, alegre e "inocente".

Mas devo confessar pra vcs, nunca fui um garoto com todas essas qualidades. Minhas tias que nunca leiam isso (rsrsrs...).

Quando cresci, percebi que naum era tão inocente assim. Era uma criança "inocente", sim, mas com um certo entendimento. Enquanto os ótarios dos meus primos aprontavam e se mostravam "as pestes", eu, usando aquele velho ditado: "dava as unhadas e escondia as unhas". Era uma maneira de me camuflar, aprontar, como toda criança normal, mas continuar com a fama de garoto bonzinho. Assim, ganharia tudo que desejasse dos adultos.

Na adolescencia, resolvi deixar de lado a prática, pois já era do meu conhecimento que aquilo naum tinha outro nome, a naum ser, "falsidade". Antes eu naum sabia disso, mas hj eu sei que usar aquela tática naum seria algo correto. Deixei aquele menino na caixa da minha infância e tornei-me um garoto sincero acima de tudo, de opinião própria e totalmente transparente, goste de mim quem gostar.

Admiro Gregório de Matos, Bon Jovi, Bruna Surfistinha, Amy Whinehouse, Cazuza entre outros... Os admiro pq eles são verdadeiros, autênticos, fazem o que gostam (alguns, faziam) e dane-se quem naum gostar.

Essa semana recebi um email dizendo que eu fui selecionado para participar de uma antologia poética. Junto com o aviso veio o poema com o qual eu estava participando, que dizia o seguinte:



O amor

Que sentimento complicado que nem a poderosa ciência é capaz de entender.
Um sentimento que nos faz sorrir... e nos faz chorar.
Nos faz esquecer e às vezes relembrar.
Como é possível ver uma pessoa e sentir o coração acelerar, o corpo arrepiar e as pernas balançar?
Como é possível o mesmo sentimento causar ciúmes, raiva e vontade de matar?
Vá tentar decifrar o amor!
Melhor não. Mas de uma coisa eu sei. Todos nós, vivos e mortos,
jovens e velhos, se não sentimos, um dia haveremos de sentir. Não é
como a alegria, que nos deixa um sorriso estampado no rosto.
Nem como a tristeza, que nos arranca a alegria sem o mínimo
esforço.
Mas sim sensações diversas, que é bom nem citar, mas que, juntas
por uma só força, nos faz sentir o prazer inexplicável de amar.

"Aff! fui eu quem escreveu isso? Que poema mais sem graça", pensei comigo mesmo. Sem graça sim, pois é uma coisa que qualquer um podia escrever. Pra que falar de uma coisa que todo mundo já sabe?
Sinceramente, naum é esse tipo de poesia que pretendo escrever. O dono da antologia que me desculpe, mas esse poema parece mais com relatos de corno sofredor (rsrsrs...).

Tenho aqui dois poemas pelos quais me identifiquei e os quais achei muito mais verdadeiros. Vejam só:


A puta

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

(Carlos Drummond de Andrade)



Pica-Flor

A uma freira que satirizando a delgada
fisionomia do poeta lhe chamou "Pica-Flor".

Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Meteia a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor.


(Gregório de Matos e Guerra)



Esses, sim, são poemas ricos, poemas que nem todos têm coragem de escrever ou publicar. Que pena!

Trecho do livro "Bruna surfistinha-O Doce Veneno do Escorpião":

"Hoje posso dizer que nenhuma fantasia me assusta mais, pois já fiz e vi de tudo. Algumas foram um tanto estranhas, confesso. Porém, acho que o mais importante é as pessoas não terem vergonha nem medo de realizar suas fantasias"


Essa frase por exemplo, naum devi ser vista apenas pelo lado sexual e sim como um todo,pela fantasia de falar o que pensa,de ser verdadeiro,de agir de modo pelo qual vc esteja bem com sigo mesmo e naum pelo que ás pessoas vão pensar.

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