domingo, 10 de janeiro de 2010

A arte de emocionar



Hj acordei com aquela ressaca, consequência da balada na madrugada anterior, caminhei ainda sonolento pelo corredor e fui direto pra cozinha, secar uma garrafa de água. Na porta da geladeira tinha um bilhete dizendo:
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"Fui na casa de sua vó estarei de volta às 16:00, tem café pronto, é só esquentar, o leite tá na geladeira e acho que ainda tem pão.

beijOs mamãe".
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Só aí foi que me dei conta que naum tinha ninguém em casa, esquentei o café e o leite e quando procurei o pão, só havia migalhas no saco plástico dentro do armário. "Ah, que ótimo", lamentei. Estava com desejo de comer pão e saí com a cara de maluco mesmo que estava pra ir na padaria, coloquei apenas um óculos escuros para cobrir os olhos inchados de sono...
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No playground encontrei um amigo que veio logo me parabenizando pelo meu livro, que ele tinha acabado de ler, mas em seguida me confessou que embora a história fosse boa, ele achou tudo muito estranho e disse que passou o livro todo indignado com o personagem Rafael. Indignou-se porque, além de ser heterosexual ele era muito machista. Além disso ele perguntou se podia ser sincero comigo, eu disse que sim, claro, adoro sinceridade, mesmo se ela for me aniquilar, mas sendo boa ou naum, acredito que é só através dela que vou saber se estou pelo caminho certo, se tem algo a ser melhorado, enfim...
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Meu amigo disse que achava melhor eu naum escrever esse tipo de histórias, que era pra eu pegar mais leve, ainda mais esse assunto de homosexualidade que, querendo ou naum, ainda é algo muito discutido e discriminado na sociedade, e que além do livro parecer uma auto-biografia as pessoas podiam pensar que eu era gay. Ouvindo todas aquelas sinceridades do meu amigo eu ri, apenas ri... Ele disse que naum estava entendendo. Então eu lhe expliquei que eu estava certo da minha sexualidade e que naum me importava o que pensam, o que falam e o que deduzem sobre mim, o importante é eu saber quem eu sou, eu saber do meu caráter e me conhecer profundamente. Acho que isso é o que importa, se conhecer e estar bem consigo mesmo.
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Logo depois respondi-lhe que quanto às pessoas pensarem que o livro é uma auto-biografia, eu naum me importava. Passei ali, sim, algumas coisas acontecidas comigo ou com amigos meus que chegaram ao meu conhecimento e se pensassem que sou gay, normal, naum me ofendo com isso. Ali naum sou eu, naum é o que eu sou, naum é a minha história de vida e sim a minha arte. E o artista naum tem sexo, naum tem idade, naum tem opção sexual. O artista é apenas arte.
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Após a converssa segui, finalmente, para a padaria, pensando no tempo em que eu ainda escrevia esse primeiro livro, e que um dia minha mãe, mexendo nas minhas coisas, achou esses textos e pensou ser um diário meu. Ela se indignou tanto a ponto de rasgar tudo. Quando cheguei ela me veio logo com sermões e perguntando o que significava aquilo. No primeiro momento eu ri, mas quando vi aquelas páginas de dias de trabalho rasgadas, as lágrimas me vieram aos olhos.
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Hoje eu rio da situação porque, querendo ou naum, eu consegui despertar na minha mãe o sentimento de indignação (rsrsrs...), e decidi dali pra frente naum poupar palavras e histórias para escrevê-las. Mesmo sendo elas as mais sórdidas, colocarei no papel e publicarei sem medo, sem grilos e me dei conta que é disso que eu gosto, de levantar suspeitas, indignação, ódio, pena, rancor, amor, enfim, eu gosto de impressionar, de contar algo jamais aceito pela sociedade, de cutucar aquela feridinha que já está aberta. É disso que eu gosto e é isso que eu vou continuar tentando fazer e fazendo, dentro do possível.

Um comentário:

  1. Alex Bruno?? KKK Léo?!!? Nunca supus que vc tivesse outra identidade! KKK Mas adorei o texto..vc escreve bem... e quero O Diário de Rafinha 2 heim?

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